Bico de chumbo
Origem: África e Índia Tamanho: 8-10cm Cor: Castanho, abdómen mais claro. Rabadilha escura no bico de chumbo e branca no bico de prata. Bico cinzento escuro. Postura: 4 a 7ovos brancos. Incubação: 13-14 dias Saída do ninho: 18-20 dias. Reprodução: Fácil em situação de colónia ou casal isolado. Anilhas: 2,50mm colocadas no ninho por volta dos 10-12 dias de idade. Comportamento: Sem qualquer problema com outras espécies. |
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Os bicos de chumbo são uma daquelas espécies cujo único problema é serem castanhas e pouco apelativas em termos visuais. Existem duas espécies que são, segundo diversos autores na realidade raças geográficas. No nosso país são denominadas geralmente como bico de chumbo (Lonchura cantans) e bico de prata (L. malabarica). Já as encontrei no mercado à venda como macho e fêmea respectivamente o que é perfeitamente errado até porque, dada a sua proximidade genética, facilmente hibridam produzindo hibridos férteis o que pouco ajuda a resolver este mal-entendido. Os bicos de chumbo são originários do continente africano enquanto os bicos de prata são do continente asiático. Distinguem-se facilmente não só pelo bico mais escuro dos primeiros mas também pela cor mais clara do bico de prata que tem inclusive a zona da rabadilha branca enquanto a do bico de chumbo é escura. Os sexos não se distinguem visualmente, haverá muitas técnicas para o fazer e truques de vendedor, mas o único método de identificar os machos é pela sua canção, muito suave que mal se ouve, comum a muitas espécies desta família como os dominós e bengalins do japão. Embora a sua falta de cor os faça passar para segundo plano nas escolhas dos principiantes são aves muito calmas e sociáveis em viveiros que se reproduzem com alguma facilidade. O surgimento de algumas mutações sobretudo na espécie africana, levou recentemente a que alguns criadores recuperassem o interesse nestas belas aves. Existe ainda uma outra espécie menos comum, mas mais bela, (como sempre…) os de pescoço perlado que possuem uma cabeça de cor cinzenta ponteada por pontos brancos lembrando um colar de pérolas brilhantes e um peito de cores mais vivas chegando a um tom de cor de laranja. São, no entanto, mais difíceis de criar em cativeiro e muito menos frequentes no mercado. O modo mais recomendável para criar estas aves é adquirir um conjunto de diversas aves e deixar que estas acasalem por si marcando-as então com anilhas coloridas, o que aliás também funciona para outras espécies do género. A sua manutenção é muito pouco exigente e são por isso ideais para principiantes, mesmo em reprodução podem, embora tal não seja recomendável, criar uma ninhada apenas com sementes. No meu caso estão no mesmo viveiro que os estrildídeos e como tal têm a mesma variedade de alimentos que este, uma mistura de exóticos, papa de ovo, sementes germinadas e alimento vive variado (do qual pouco consomem). Gostam bastante de verdura em especial de espinafre e dentes de leão. A principal diferença na manutenção dos de pescoço perlado é a alimentação destes que necessitam de mais alimento vivo na dieta especialmente durante a reprodução. Embora não considere, de um modo geral, a comida viva necessária para esta espécie deixo ao critério das aves se a consomem ou não, uma vez que está disponível. Quando em gaiola devemos procurar exemplares nascidos em cativeiro e não importados. Na minha experiência neste aspecto não são de usar gaiolas com menos de 60 cm sendo mesmo 1m o melhor para um casal. No caso das aves importadas nunca fiz a sua reprodução em gaiolas o que, aliás, tem mais interesse no caso das mutações onde se torna necessária uma selecção. Para os indivíduos de mutação, que também crio, uso gaiolas idênticas às dos mandarins de 40cm, mas de 4 casais apenas um deles cria com sucesso, sendo para os restantes necessário o uso de amas. Espero que esta situação se vá alterando com o passar das gerações e uma maior habituação das aves. No caso dos bicos de prata apenas reproduzem nos viveiros exteriores em estado puro devido a serem bastante mais raros entre nós e portanto uma raça a preservar. Num viveiro formam casais estáveis e reproduzem-se com uma regularidade assinalável. São aves naturalmente coloniais sendo mesmo referidas situações de ninhos comunitários. Este processo é o problema da criação em colónia destas aves. Muitas vezes depois de um casal começar o ninho são postos outros ovos uma semana mais tarde que são aceites e incubados pelos casais em simultâneo prejudicando os resultados finais da postura. Normalmente a postura média é de 4-7 ovos, pessoalmente considero que ninhadas de 4 crias são perfeitamente aceitáveis nestas espécies, normalmente no entanto ficam-se pelas 2-3. Outro problema surge da ocupação de ninhos usados para pernoitarem, o que geralmente fazem em grupo. Pode acontecer que o grupo decida ficar num ninho onde um casal iniciou a postura. Dos casais que tenho no viveiro, está tudo mais ou menos equilibrado, todos eles ocuparam ninhos distintos e reproduzem-se regularmente. Tenho cuidado de retirar as crias do viveiro e introduzir apenas casais formados pois isso evita que se voltem a formar grupos de aves que não se reproduzem. Convém que tenhamos especial atenção para manter casais certos nos viveiros recorrendo a anilhas coloridas e muita paciência para identificarmos e sexarmos os casais. Como todas estas espécies podem hibridar entre si (com menos relevância para os de pescoço perlado) é de evitar deixar aves de diferentes espécies desacasaladas num mesmo viveiro. Os ninhos preferidos são os de corda em forma de tubo embora também usem ninhos de madeira de diversas dimensões onde os resultados têm, contudo, sido piores possivelmente por uma menor privacidade em relação a outras aves. Não são muito exigente em relação aos ninhos ou material usado caso decidam criar. A incubação é partilhada pelos dois sexos e dura cerca de 13 dias. Raramente surgem problemas com a alimentação das crias e são aves tolerantes em relação às inspecções do ninho. As 3-4 crias geralmente nascidas sairão do ninho com cerca de 18 dias devendo ser anilhadas com anilhas de 2,5mm quando têm cerca de 8-10 dias. Quando saiem do ninho distinguem-se facilmente pelo seu ar juvenil em particular pelo tom mais esbatido da cabeça. Em condições normais de viveiro exterior criam durante todo o ano embora nas gaiolas limite os casais a 3-4 posturas anuais na altura da primavera e verão. São uma espécie ideal para quem não estiver dentro deste género de aves pela sua facilidade de manutenção e resistência uma vez adaptadas ao cativeiro. |